Sunday, October 29, 2006

Caminhar

Caminhar é seguir o próprio caminho, é viver a vida que é sua, e de mais ninguém. O próprio caminho só um pode seguir, a experiência é de quem a vive, ainda que a tentem transmutar em palavras e transportá-la a um outro.

No entanto, quando seguimos nossa estrada, só nossa, vemos chegarem companheiros de viagem. Então o caminhante, que faz caminho ao andar, carregando a própria bagagem, vê por alguns momentos coincidir o seu caminho com um outro caminhante.

E os dois ou mais caminhantes seguem, pois há sincronicidade de caminhos, pois há partilha de amor pelo destino. Então eles caminham, um tanto cegos, as vezes certos, outras tropegamente, mas, enfim, eles caminham.

E num dia, os caminhantes, na sinceridade de seguir aonde o pé e a natureza aponta, seguem caminhos diversos. Pode então haver uma ponta de tristeza, mas a vida tem também disso, por ser humana. Ainda sim, se separam e seguem aonde tem que ir.

Talvez nunca se reencontrem. Talvez num ponto mais adiante os caminhos voltem a coincidir. Assim é a vida. E as flores continuarão florescendo e morrendo, as árvores perderão folhas, as chuvas ganharão em vento. Tudo seguirá, naturalmente.

Portanto, que a cegueira não nos impeça de ver nossos companheiros de viagem e que o que a vida demonstra não seja negado. Que nos preocupemos então, mais em seguir a viagem, experienciando, que em possuir os castelos estáticos parados à beira da estrada.

Viver é muito perigoso, dizem. Pois cabe o amor ao vento dos suicidas, que grita, à beira do abismo, que o ser humano pode, sim, voar.

André C.

Tuesday, October 17, 2006

Odin

O nome de Odin, deus maior da mitologia nórdica, quer dizer literalmente "deus caolho". Conta o mito que ele vendeu um de seus olhos em troca de sabedoria. Fazendo uma leitura simbólica disso, podemos dizer que Odin, ao perder um de seus olhos, ganha em sabedoria pois passa a contar, a partir dai, com uma visão que se dirige para dentro. Sabedoria é ter um olho apontado para o mundo, para o exterior, ao mesmo tempo que se tem o outro olho voltado para si mesmo, o interior.

Quem só olha para fora ou só olha para dentro vê as coisas de forma parcial. Aprendi uma técnica que reflete isso. Ter o olho voltado para o interior é ter a percepção acurada do próprio corpo, sentindo-o profundamente. Quando atentos é fácil perceber que há uma vibração constante que envolve nosso corpo ao longo de todo dia. Estar atento a isso é estar consciente do seu próprio espaço ocupado no tempo e no mundo. Ao mesmo tempo em que se tem consciência dessa vibração a princípio tênue, pode-se direcionar o olhar para fora, numa interação com o mundo que acontece ancorada no si mesmo.

O Zen Budismo afirma uma vida de meditação constante, independente do indivíduo estar numa montanha ou no meio do trânsito dos carros. Também o hinduísmo do Baghavad Gita: ter a atenção sempre voltada para Crisna, em devoção e amor, independente da ação que se toma. Há sempre o casamento entre mundo e indivíduo. A quebra da dualidade, tema recorrente de todas as tradições místicas ou baseadas na vivência de cada pessoa.

Wednesday, October 11, 2006

e eu era menino

Eu vejo um menino, dentro do campo coberto de futebol de salão, correndo de um lado ao outro, de uma trave para a outra, com o peito pra frente e um sorriso enorme no rosto. O vento produzido pela própria velocidade e o poder de se estar sozinho e livre. Nesse momento perfeito, não há quem olhe ou julgue, o que existe é o menino, um menino que dá saudade de ser. Ah, como lembrar disso me traz algo que me embarga a garganta, que traz aos olhos aquelas lágrimas de quem, depois da dor, reencontrou algo perdido.

Num dia, aquele menino que corria tropeçou, e o gol não era rede, era de grade, e ele se feriu, sentiu dor e viu o sangue. Ele nunca mais tinha corrido, pois só lembrava da dor. Mas, muito maior que a dor, foi a sensação de correr. Ele não era nem de perto o mais rápido ou o mais atlético. Mas eu garanto que, naqueles momentos, que dia após dia se repetiram, ele era livre e feliz demais.

Ele voltou em sonho, na forma de um cavalo branco. Espírito do vento que corria também contra um gol, para acertar a cabeça. Mas ele, em forma de cavalo, não veio para me contar a dor. Veio para me falar da profunda experiência de se estar vivo, fazendo o que é de desejo, independente do conceito externo do que é certo ou errado. Ele corria para sentir o mundo.

Agora eu o vejo aqui do meu lado. Ele olha e sorri, orgulhoso, feito o Pedrinho das histórias do Monteiro Lobato. Um Peter Pan com canivete de escoteiro. Com os olhos brilhando constantemente, cantando a canção do universo e da celebração do mistério profundo do existir.

André C.

Além do certo e do errado

Eu não quero fazer o certo. Também não quero fazer o errado. Eu quero viver a minha, independente desses dois conceitos, duas idéias externas, que por fim não dizem respeito ao que é a minha vida. Vivi a vida inteira meio que apegado à idéia de obrigação. Bem, foda-se a obrigação, quero dizer com força. Tudo que vira obrigação pra mim perde a graça e o prazer de fazer. Viva Krishna quando diz que a gente não tem que ligar pro resultado. Importa é o processo... uma vida de obrigações é feia e cansativa, repetitiva. De novo, viva o Baghavad Gita, quando diz: vive em contemplação e amor a Krishna... em vez de se estar apaixonado com algo específico, melhor se apaixonar com a totalidade. Amor fatti!!! Se o amor se direciona à totalidade, você perde o medo de perder, pois tudo vira ganho. Se a vida é vista como uma arte que se constrói, tudo, mas tudo mesmo, cabe nela. Um cuspe na cara da moralidade é o sorriso no rosto do condenado frente ao fuzilamento. Amor fatti. Amor ao destino. Que a vida seja portanto em rede: rede de felicidades e rede de dores, ganhar na perspectiva que o pequeno, o simples, o detalhe, é um quadradinho da colcha de retalhos aparentemente meio descombinada que é a vida. Eu quero olhar pra colcha de retalhos e ver um negócio meio brega, multicolorido, misturando Frank Sinatra com Jethro Tull e balinha de jujuba. Que a minha vida, por fim, seja algo que suspenda o ar de quem me olha, evocando qualquer coisa, um sorriso ou um grito, qualquer coisa menos a indiferença. Qualquer coisa menos o certo e o errado. Que a linha do meu tecer não seja a linha mais correta, a mais forte, a mais fraca ou a mais qualquer coisa. Que a linha que tece a minha colcha seja simplesmente a minha linha, tramado descompensado mas de vez em quando bem apaixonado com o grito do que é ser algo que nunca se definirá. A beleza é saber que nada está acabado, tudo existe em seu pleno inacabamento. Tudo e todos são plenos de por fazeres. Somos o eterno devir mesmo.... Eterno porque existimos além do tempo, da dualidade do certo e errado. Assim, paramos o tempo toda hora. Devir porque nada é constante e o próprio céu pode cair e virar um pedação de mar.

André C.

Sunday, October 08, 2006

Instante no mundo

Sentado ali, desconhecido, ele poderia ser visto como muitas coisas. Via-se ao seu redor um conjunto de mesas, todas circulares, construídas de uma pedra que era a imitação de um mármore, este, por sua vez, entrincheirado pelo que pareciam veias esverdeadas ou cânions aleatórios construídos pelas vielas do tempo. Mas o que importava o mármore, o que importava aquilo que para uma pessoa poderia ser considerado eterno, infinito em sua estabilidade, emparedado. Mesas, mesas que eu seu nascimento eram magma, mesas que depois se solidificaram, que assistiram ao seu redor não aquele tempo que ali se desenhava, mesas que serviram de banquetes a dinossauros, que assistiram, de sua visão milenar, a vida da terra, em ciclo se dissipando, em ciclos ganhando em beleza e desenvolvimento. Mesas que naquele século viram letras derramadas sobre si, pois aquele lugar era uma livraria, e eram tantas as letras, nobres algumas, um tanto chulas outras, talvez um poema ou uma carta, ou palavras multiplicadas numa caricatura de contornos difíceis de definir. Formas, umas contra as outras, umas com as outras, biológicas a princípio mas dadas ao fim como as pessoas, dadas a si mesmas em seus nascimentos. Nem só de palavras viviam os clientes do bar, sim, pois ali, além de livraria, era em si um bar. Olhar para dentro do copo era viver pequenas revoluções, que subiam lá debaixo até que tocassem a camada espessa que impingia um limite, como as camadas de gelo do pólo norte, que eram, à primeira vista, fixas no horizonte mas que escondiam, para baixo, um movimento que não cessava. Ao levantar de copos, o frescor líquido era incorporado, apropriado por sua vez pelos que se sentavam à mesa.

Quem teria dificuldade de contar a própria história quando a realidade se mostrava tão agradável ao ver-se que no interior do que parecia estável, se desenhava a mudança do caminho incessante? Que vida, por mais rotineira que fosse, não ganhava em sua sombra submetida aos caprichos da luz das velas, tanta variedade e imprevisibilidade? Restavam das batalhas vencidas, sempre as armas e partes de armadura, corpos e sangue, para que o escritor, feito antropólogo, construísse com as sombras, com as pistas, uma história carregada com o fardo e a benção da humanidade. Escrever motivado pela vontade de estar em todos os momentos da vida, nos instantes da lágrima arredia que cai sem autorização, nos momentos em que os olhos se fecham para sempre, no espaço entre a última penetração e o gosto do orgasmo, na arte da confecção dos bichos da seda, nos olhos acesos em chamas ou apagados no poço da infelicidade. Tudo, em fim, que dissesse, em seus meandros: “sou um legítimo filho do mundo, existo sem que se entenda o motivo, tenho vida e constância, ainda que de mim seja difícil aprender qualquer coisa”. Transformar os atos indizíveis do mundo em palavras, dando a cada elemento a dignidade que lhes foi furtada.

“Dignidade” era então a primeira palavra do parágrafo, lá onde se iniciavam as obras dos grandes e pequenos homens, além dos médios, sobre os quais, no fundo, se realmente escrevia, pois neles está a universalidade desenhada. Pois neles, médios, se encontra a maior parte da pulsão da vida, pressionada e ferida pelos desejos dos extremos. A própria melancolia era um sentimento médio, ao colocar aquele acometido por ela no meio do caminho, preocupado com as setas, cujas placas apagadas, não mais serviam de referência. O homem, completo e sozinho, obrigado a virar sua própria referência.

André C.

Saturday, October 07, 2006

Motivo

Escrevo
para quebrar no meio a ansiedade
e ver que, por trás do pano,
ainda que falte sentido
existe um bocado de arte.

Enquanto expressividade
cabe à vida dar conta de tudo
seja esta uma peça de retalhos
ou um dócil bordado de rendeira.

Escrevo por impulso,
enquanto exercício
que ensina, via insight,
por experiência vivida.

André C.

A Roda

Para os orientais a roda de samsara representa o mergulho na ação sem sentido, sem consciência. O sábio é aquele que se identifica com o centro da roda, onde tudo é estático, apesar de estar em movimento. Para Nietszche, a criança, última fase do desenvolvimento humano, é um furacão cujo centro está em tudo, no mundo fora dela. Um insight basta e agora isso passa a fazer sentido para mim.

Meu pensamento, hoje, está me fazendo rodar, sem sentido, numa velocidade absurda. E tudo, assim, parece se dissolver nessa velocidade. Deve ser um dia de torre, em que tudo que se faz parece guardar em si um fracasso. O tempo hoje, chuvoso, e minha dificuldade de parar a mente, me dizem claramente: um bom dia para se esconder do mundo. Eu nunca me acostumo com esses meus momentos. Tudo e todos se fecham. No fundo, passado o dia, eu sei que tudo novamente se abrirá, mas a sensação de se estar num porão escuro é de tal forma poderosa que parece que vai durar todo o tempo do mundo.

E eu sempre me esqueço que isso pouco tem a ver com o mundo. Não tem causa externa em especial, por mais que eu procure identificá-la. Pois quem me chama, me provoca, sou eu mesmo, rasgando o ventre da terra para emergir e me enfrentar. Sempre, disso, vem algum crescimento... mas sempre, sempre é preferível aprender com um sorriso no rosto que de quaquer outra forma. Acho que é isso, eu quero rir na cara desse dia estranho. Não sei se devo abrir a porta. Talvez eu deva fechá-la por um tempo, ficando confortável no escuro e me preparando para o enfrentamento.

Mas não precisa ser guerra. Pode ser uma conversa ou até mesmo um bom xingamento entre amigos.

André C.

Friday, October 06, 2006

Canto

Ele tem um pé levantado, posto no ar
- dizem que é yogue, mas no meu bom brasil
alguém diria que é capoeirista dos bons -
e outro, ancorado na vida, de quem sabe por vivência.

(O bom e velho diabo, que sabe mais por velho,
aprendizado mais de sentir o cheiro da bela flor do cabo,
que pelo título oficializado de pé-preto.)

Com o tambor ele acorda o mundo e canta,
para depois com o fogo romper o véu do tempo
em dança, ritmado no som do universo...
Pois, enfim, eu canto o ciclo!

(Lúcifer, o amante inveterado de Jeová,
que por sua fidelidade eterna, de só obedecer a deus
mas nunca aos humanos, foi lançado aos infernos:
o apaixonado posto longe do objeto amado)

Canto porque "o instante existe e
não sou alegre nem sou triste, sou poeta"
e viva o sangue eterno da asa ritmada!

Faço como os hindus
olho para frente e vivo: "eu sou Shiva"
me identifico, a caminho da união
com os poderes da vida.

André C.

Minimalismo

Pouca coisa existe
além do todo
que se pega de imediato.

Sabe mais o olhar
do que entende
o pensamento.

O grande cabe no átimo
já o fim existe no começo
e gastar o próprio medo
é o que custa a liberdade.

Mas basta confiar no caminho construído com a simplicidade de um pé que segue a direção do outro. Tudo segue, em travessia.

André C.

Insustentável?

À frente, uma estrada de vias curvas e pedras cravadas pela passagem do tempo e os cascos dos cavalos. Entre cada rocha, cresce, em forma verde, um pouco de grama, feito uma antiga estrada romana. Em ambos os lados, árvores de variados tamanhos se revezam... cheiro de mato molhado, flores adocicadas pela chuva, eucaliptos. Enquanto se caminha, vê-se que a floresta é povoada. Vivem animais diversos, insetos, cavalos e toda uma população denunciada pelos sons que se entranham na mata. Há pessoas, também, os múltiplos caminhantes e aventureiros ao longo do caminho. Na estrada, vê-se encontros e desencontros, em encruzilhadas e travessias que se cruzam. O caminhante sincero, tem seu caminho e não se desvia. Os que caminham com ele caminham com a sinceridade de quem partilha o caminho.

No céu, à direita, a Lua cheia noturna, declarando aos quatro ventos sua fertilidade, pois tudo cresce e se renova. Sua luz é inspiração de poeta ou de viajante inspirado, que entende seu tamanho frente à grandiosidade das coisas. Este é um aventureiro que não se afirma mar, sendo apenas uma gota. Mas que, reconhecido enquanto gota, se entende como a metonímia do mundo. O microcosmo pulsante que se alinha com o mundo. Sua vida é arte.

À esquerda, o Sol, perene, feito o herói vitorioso que estacionou seus cavalos de fogo no firmamento. A luz da consciência, acesa pela vivência do mundo. A vida, maior e mais sábia que qualquer aventureiro, soma de todas as experiências vividas e não vividas. Potencia máxima, liberta das amarras, feito o leão que mata o dragão do Tu Deves.

O caminho serpenteante em direção ao horizonte, que nunca há de chegar. A morte é o reconhecimento que a vida, pequena, tem valor exatamente por acabar no meio do caminho. Sempre haverá um pouco mais do que se acredita haver.

Minha imagem da liberdade. Um aventureiro que se liberta da carga desnecessária, que não tem armas, apenas olhos que miram a frente. Ao contrário do que diz o livro, a Leveza do Ser não há de ser insustentável. Pode-se perfeitamente caminhar livre pelo caminho, agradecendo a surpresa de todas as coisas, que são sempre inesperadas e belas. Mas se tudo é passageiro, o que fica é o eterno gosto da vivência. Há poesia em tudo, desde que se tenha ouvidos. Poesia sem propriedade, que existe para ser olhada e provada, dia após dia. Há liberdade em tudo.

Como diz Manuel Bandeira: "cansei do lirismo que não é libertação". Morto o dragão, tomo de seu pescoço um cálice de sangue e bebo. Me integro aos poderes da natureza. E eu grito, um grito quase inteiro de silêncio. Na floresta da alma eu adentro... Como Odin, entrego em oferenda um dos meus olhos, e assim, ao mesmo tempo que olho para dentro, atento, olho para fora, singrando o tempo.

Quero passar por essa vida como quem corta caminho por dentro de uma mata de espinhos, consciente que há, além de tudo, uma praia e uma montanha, com sombra de árvore para descansar.

André C.

Wednesday, October 04, 2006

Em detalhes

Ontem foi-me perguntado: "você enxerga cores do mesmo jeito nos dois olhos?". Sim, enxergo da mesma forma, eu disse... Mas posso dizer que as cores todas mudam de acordo com o meu dia. Hoje, por exemplo, caso o céu estivesse cinza e São Pedro, o velho ranzinza do céu, despejasse uma tempestade, eu estaria vendo um dia azul com uma brisa fresca.

Deus está nos detalhes, dizem. E é verdade. Ele mora como um sinal de nascença nas costas de alguém que é única. Mora em alguns dedos de cabelo recém cortados. Mora na maneira única de se demonstrar a vontade de se estar junto. Mora em uma noite, que em si guarda a bela idéia de se repetirem por mais mil. Vive de forma poética no arrepio produzido pelo toque, no respirar ritmado e perfumado, em dois olhos, feito dois vasinhos de flor. Vive num jeito muito feminino de ser firme, altiva.

Há qualquer coisa de mágica em cada um desses detalhes, compreendendo, em conjunto, uma pista do que é a totalidade do mundo... Somos pequenos fragmentos de Tiamat, de cujo corpo foi feito o universo. Que eu possa conhecer, feito aventureiro curioso com bons olhos de menino, que enxergam tudo sempre como uma primeira vez, cada detalhe, sem a pressa de quem vê a vida como uma linha de montagem.

A eternidade, infelizmente, acaba durando pouco tempo. Mas que seja! Digo sim... cada experiência vira, assim, uma nova parte da composição dessa unidade maravilhosa. Sem pressa.


André C.