Monday, November 26, 2007

Do rascunho

Chega um momento
que tenho vontade
de não ter vontade de nada.
Apenas arrancar meu rosto
minha persona rasa
e deixá-lo no palco
ali, largado.
Há cinzas no meu rastro
e as flores se fecham
pois meu céu não é mais
tão azul.
Provavelmente são meus olhos
hoje bem menos verdes
figurados um tanto mais acinzentados.
Quero rasgar algumas páginas,
queimar muitos poemas
e oferecê-los a um mar agitado.
Que as ondas varram
destruindo tudo.
Que depois das ondas
reste apenas o que basta
para recomeçar.
Quero tudo do rascunho.

André C.

Friday, November 23, 2007

A música sempre me lembra
como tudo é grandioso...

Saturday, November 17, 2007

Coisas que definem

Algumas coisas definem uma pessoa. Acho que com o tempo as coisas vão se definindo melhor e fica mais fácil de entender nosso porquê no mundo. Nada de papo metafísico. Pra mim é bem óbvio que deus nem ninguém nos deu missão nenhuma ao vir para o mundo. Quem acredita nisso sofre de imaturidade ou precisa desse tipo de segurança pra viver.

Ninguém nos deu nada a fazer. Com a vida, desenvolvendo com ela uma comunhão, construímos nossa via, buscando nossos impulsos e capacidades. Nossas vontades e prazeres em viver. Eu queria que alguém me salvasse mas isso era apenas uma dificuldade em aceitar minhas condições e minha forma de ser. Ninguém pode salvar ninguém. Nem deus, nem jesus, nem buda. Encontrando um desses, matem-os, eles são barreiras para você mesmo.

Algumas coisas me definem. Uma das coisas que sei fazer bem é escrever. Há pouco tempo eu não via existir um André sem isso. Mas parei. E é uma coisa minha, que me dá prazer, que me pacifica, que me desafia. Outra coisa que me define é ler. Adoro ler. Também tinha parado. Ler e escrever costumava roubar a cena do resto da minha vida. Hoje essas duas coisas estão integradas com tudo o mais que compõe a minha forma de ser. Inseparável de mim.

Todo o resto pode ser perdido. Mas não consigo pensar na minha vida sem esses dois elementos. Meus, egoisticamente meus, inegociáveis.

Saturday, November 03, 2007

um grito no vácuo

Estou de saco cheio. De tudo. Tudo nesse momento não basta. Ou talvez por estar acostumado com o nada, o tudo nem me parece possível. Sonhos. E eu que não tenho planos.

Gosto de que deu errado. Aquele amargor e eu sem saber o que acontece comigo. Fico com a sensação de que me perdi, de que nunca fiz uma coisa certa que fosse na minha vida. Olhar pro mundo e só ver o mundo me parece algo como uma doença. Fico pensando se não quero demais.

Acho que não conseguirei me contentar nunca com o rumo das coisas. Vai ver que meu destino é focar sempre no que falta. Nada parece suficiente. Nunca vou me acostumar com o tal do gênero humano. Sempre existirá uma inevitável distância. Me sinto destemperado, desequilibrado.

E escrevo. E é pra ninguém ouvir ou ler. Um grito no vácuo é ainda um grito??

Quem eu tenho que convencer? Porque se importar com qualquer coisa?? O mundo absurdo, a realidade simples, aceitável e pobre. Merda. Chutei o copo meio vazio e pisei nos cacos com força. Tingi o chão.

Eu, que preciso me ajudar, não consigo. Acho que quero mais é deixar que tudo caia pois eu cansei de segurar. Melhor é ser inútil. Os inúteis são livres pois nada se espera deles. E eu cansei de me imaginar com dívidas. Cansei de ter algo a pagar. Chega dessa culpinha besta, esse moralismo idiota.

E foda-se, por fim. E como diria o Manoel Bandeira, "cansei de poética que não é libertação".

Preciso de mais coisas legais e de menos gente enchendo o saco. Menos pc e mais vida. Menos música e mais canto. Mais gente que soma, que traz prazer, enlevo. Mais de tudo que é diferente, menos, bem menos, do mesmo.

Acredito numa vida mais gratificante. Quero parar de nivelar por baixo, ninguém precisa disso. Quero ir pra me jogar, não só tentar, mas tentar com todas as forças. Me reconhecer no espelho e desejar entrar no mundo, mais e mais.

Eu escrevo pois isso abre portas onde antes não parecia haver. Eu escrevo pois o beco sem saída, limitado por um muro, pode ser escalado. Eu escrevo porque gosto, porque é algo que me define, que me transforma, me desafia e me põe no caos da vida. Escrevo pois assim encontro o que realmente me faz respirar. Eu escrevo pois só eu posso respirar por mim mesmo. Mais ninguém pode. Escrevo pois isso faz parte de mim, integralmente e sem desculpas. Escrevo por acreditar que deve-se conversar também com o demônio, não só com deus.

Escrevo pois o que eu escrevo ninguém mais escreve. Só eu posso, pois ninguém além de mim sou eu.

Sunday, October 28, 2007

Além do buraco

Será que vale a pena viver cobrindo buracos, fechando túmulos de mortos incessantemente? Somos coveiros apenas, ou algo mais, que busca além de preencher a falta, a fome que nunca cessa, algo mais profundo? Algo mais humano?

Beleza acima
Beleza abaixo
Beleza à direita
Beleza à esquerda
Beleza acima
Beleza abaixo.
Beleza dentro.

Nada está perdido, nem meus olhos estão com defeito... basta mudar a visão e o mundo se revela, novo, vívido, rico de potencialidades. Há um frescor simples. E não há melhor lugar que o aqui. É agora. Definitivamente estou no caminho do pólen. Coisa que nada mais é que aprender a seguir a pulsão de vida e não a de morte. Simples questão de direcionamento de energia.

Eu não preciso treinar mais. O treinamento já é a vida batendo na porta.

Friday, October 19, 2007

Cansei de todas as músicas

Cansei de minhas músicas
e de meus livros roupas poemas..
cansei de quase tudo
menos de mim e do que se esconde
nas frestas
no pouco que a luz transporta.
Nem sei quase nada
e foi no não-saber
onde nada se fixa
que me conheci.
Pouco se sabe
pois geralmente há mesmo pouco
e a humanidade existe
bem escondida nas belas coisas pequenas.

Sunday, October 07, 2007

E por falar em cravos...

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim

Tanto Mar - Chico

Tuesday, October 02, 2007

E eu com isso

Assim, do nada, eu não me acho mais tão sincero. Nem um grande mentiroso. Tentei, tentei. Tentei tanto que eu nem sei mais o que exatamente andei fazendo. Tentei por mim e por todo mundo. Tudo uma tentativa. Ruminei uma seriedade que não é minha. Mastiguei chumbo que não era meu. Entrei em mato e briga de galo sendo que eu só estava passando por ali muito que por acaso. Cachorro quer correr atrás da cadelinha mas vira pro lado do apito chato do dono. Fico me perguntando: quando foi que as coisas deixaram de ser? Que tudo foi tropeçando pra parar rolando só uns metros a frente?

Fiz foi muito. Fiz pra caralho mesmo. Acho que sou mesmo é doido. Nunca sei se sou eu mesmo. Se sou o que escreve, o que estressa, o que apega, o que chora e o que combate. Sempre nunca sei de muita, muita coisa mesmo. Nem sei direito o que eu digo. Mas eu acabo falando, não dá pra evitar. Pro bem ou pro mal - bem e mal, essas coisas que sempre são na verdade algo que tanto faz - sempre acabo sendo eu até demais. Quem sabe eu não me tiro um pouco da reta. Será que sempre preciso matar no peito? Estou querendo deixar a bola passar, só pra variar.

Se virem!!!


André C.

Sunday, September 30, 2007

Libertação

O que é o jardim do éden senão o útero de uma mãe? No mundo somos jogados, tirados de um lugar confortável, em que todas as nossas necessidades e desejos são satisfeitos sem esforço. Um lugar sem tempo, livre de todos os problemas. Será a vida simplesmente uma cópia mal-feita, pouco satisfatória, desse lugar? Vivemos desejosos e buscando uma alegoria de um momento completo?

Penso que crescer, libertação, tem a ver em romper esse modelo. Fomos jogados. Mas fico na dúvida se existe vida em olhar para trás, na busca da reconstrução do momento perfeito.

Acredito que a culpa nasce desse sentimento de termos sido punidos, expulsos do éden, do útero. Se estamos expostos ao sofrimento é porque fizemos algo de errado. Certas religiões sabem como captar essa culpa arquetípica transformando-a em grandes instituições. Sabem como explorar tal fato, contando com a falta de maturidade de seus seguidores. Estão pouco interessados no desenvolvimento do humano e da humanidade.

Já os grandes mestres espirituais pensam diferente. Propõe um renascimento. "Pare de olhar pra trás e desejar feito uma criança. Como um animal. Deseje com liberdade, como um ser humano."

Não tenho absolutamente nenhuma fé na humanidade, que é apenas uma abstração. Só o indivíduo pode se libertar e viver uma vida humana.

André C.

Reflexo

O céu passa
sobre o tampo de vidro da mesa.
Não só a nuvem passa
o prédio também caminha
e uma ponta da árvore.
Sempre preferi a árvore
que cresce e venta.
Os prédios são enormes desafios
mas o humano, assaz pequeno,
precisa de coisas eternas.
Um prédio morre.
Uma árvore lança sementes.

Poema tântrico-meditativo mononumérico em sequência estacionária e, principalmente, (bem) sonoro

11111111111111111111111111111111111111

Instrução: use seus pulmões.

Filosofia

Ter mais coisas eternas,
fugazes e pequenas,
do que as que perduram.

Zen Concreto

8EEEEEUUUUU!!!!!80
8EU!80
8EU.80
8EU?80
880
80
0

Wednesday, September 19, 2007

O sol e o dedo indicador

Enquanto vocês (liberdade de tradutor) estavam se enforcando nas palavras de outros
Morrendo para acreditar no que vocês ouviram
Eu estava olhando diretamente para o sol brilhante.

(While you were hanging yourself on someone else's words
Dying to believe in what you heard
I was staring straight into the shining sun)

A palavra, ou o dedo, apontam o sol.
Mas o sol é o sol, não é dedo nem palavra.
Idiotas olham para o dedo que aponta a Lua e esquecem da Lua.
Leem bíblias em sânscrito, grego, latim, árabe e quetais achando que deus se esconde lá.

Mas a Lua! A Lua é uma outra coisa completamente diferente!
Mais vale o poeta, frustrado por saber que o mundo não cabe num livro,
mas que termina feliz por ter dado o melhor de si à tarefa,
pelo fracasso triunfante, em humildade,
que o teólogo que estuda fantasmagorias.

André C.

Hey you!!!

O Zen diz que a verdade vive no silêncio. Bem natural que os bons poetas não usem muitas palavras. João Cabral, Antônio Machado, Cecília Meireles, Alberto Caeiro... todos econômicos, todos precisos.

A bíblia do Zen são as histórias. Simples, absurdas e engraçadas. Nada de santos sérios compenetrados e tristes. Nem verdades que valham mais que a vida. Pouca coisa mesmo. Nada de deveres, nada de difícil... o fácil é o certo.

Poucas palavras dizendo muito. Digo isso para apresentar a simplicidade em que se baseia a minha fé na humanidade, nem na humanidade, essa abstração desumanizadora, mas na beleza e potencial do indivíduo. Pink Floyd, com toda aquela atmosfera, ganha mesmo é em um verso bem sacado ou outro.

Hey you,
Don't tell me there's no hope at all.
Together we stand, divided we fall.

Hey you,
Don't help them to bury the light.
Don't give in, without a fight.

Hey you,
Would you help me to carry the stone?
Open your heart, I'm coming home.


As histórias Zen não servem para serem entendidas ou explicadas. Elas devem ser sentidas, experimentadas. Tudo o que vale a pena geralmente não tem significado. Mas têm gosto, aroma e cor. Experimentar a vida, a simplicidade fora das palavras, no dia a dia. Depois, se for o caso, escrever. Escrever só quando algo te impelir pra isso... temos dentro de nós uma instância maior que é sábia. Que se comunica com o mundo sem intermediários, sem precisar dizer em letras.

André C.

Comfortably numb

There is no pain, you are receding
A distant ship's smoke on the horizon
You are only coming through in waves
Your lips move but I can't hear what you're saying
When I was a child I had a fever
My hands felt just like two balloons

Now I've got that feeling once again
I can't explain, you would not understand
This is not how I am
I have become comfortably numb

Tuesday, September 18, 2007

Lonely Stranger

Well, today... man feels right to feel kind of blue. É uma coisa difícil de se dar o direito. Life is a crazy and serious shit. E eu rodo pra lá e pra cá, natural. Everything deserves a good laught. Quanto maior a tragédia mais engraçado pode ficar... e eu, nas minhas pequenas tragédias? É quando, da vida, você toma um concentrado de "E agora José?". Touche e eu pude quase ouvir meu analista rir. Riso de canto de boca teve. To analyse is a way of not talking through things. E o cara tava certo... hoje eu falei... hoje perdi o ar e meio que a compostura de ser forte... well, let´s shout: fuck it! A liberdade é uma coisa que tem gosto de tudo... bitter, doce, dry, desce rasgando, tira o ar... mas que raio de coisa boa! Sentimento de arrancar uma espinha de peixe da garganta... a voz pode ficar rouca, arranhada, mas é um preço que pode-se pagar. That freudian type ia a bald smart mother fucker... indeed.


Lonely stranger, by Eric Clapton........

I must be invisible;
No one knows me.
I have crawled down dead-end streets
On my hands and knees.

I was born with a ragin' thirst,
A hunger to be free,
But I've learned through the years.
Don't encourage me.

'Cause I'm a lonely stranger here,
Well beyond my day.
And I don't know what's goin' on,
So I'll be on my way.

When I walk, stay behind;
Don't get close to me,
'Cause it's sure to end in tears,
So just let me be.

Some will say that I'm no good;
Maybe I agree.
Take a look then walk away.
That's all right with me.

Sunday, September 09, 2007

Auto-conhecimento

No meu olhar conheço o outro
no olhar do outro eu me conheço
no meu olhar eu me conheço
e o outro se conhece no meu olhar.

Friday, September 07, 2007

Baixar a guarda

Sem saber, eu achava que tudo nessa vida era uma guerra. Uma batalha impiedosa e solitária em absolutamente tudo. E eu sonhava com guerras e me sentia sempre o lado derrotado da história. Tudo era sério, pois quando você está numa guerra o risco de morrer é muito grande. Sem tolerância para erros e atenção total. Um soldado deve estar sempre pronto pra luta. E não há espaço para moleza, dúvidas ou questionamentos. Tudo deve ser feito em nome do dever. Sobreviver a qualquer custo. O mundo dividido entre fortes e fracos. Nada de sentimentos, nada de aberturas reais, nada de confiança. Pouca humanidade e sensibilidade. E eu, no meio da guerra, precisando de poesia, letras, música, pessoas e arte. Todos os meus livros foram perfurados por balas. Era inevitável.

Tava tudo errado. Inconsciente tem hora que é uma merda por causa disso. Tem coisas, certas imagens e modelos mentais que nos influenciam sem que a gente saiba. Coisas que por baixo do pano, abaixo da ponta do iceberg, determinam nossos comportamentos. E a vida numa guerra só pode ser cruel, despida de qualquer beleza ou grandiosidade.

E eu, que me achava tão fraco, não era percebido assim. Pra muita gente sou um cara sério, decidido, firme, independente e capaz. Sou agressivo, mau-humorado e nervoso. Faço colocações incisivas e duras, ataco a qualquer sinal de provocação. Reajo mal quando pressionado. Sou fechado e duro demais comigo mesmo e com outros. Sou justo até o limite da dureza.

Surpresa ser tudo o que eu achava que não era. Ou melhor ter os comportamentos todos construídos no mote da vida é dura, má e pesada sem saber que isso baseava a minha vida. Onde foram parar os meus sonhos? Eu queria ser poeta ou criador de coisas. Eu tenho um ideal quase zen de vida. Eu queria aprender tudo. Eu confio na minha capacidade de aprender a aprender qualquer coisa.

Meu espírito debaixo de uma bota de militar, esmagado. Por que?? A troco de quê??


André C.

Sonho

Diz o Aurélio que sonho é uma idéia dominante, perseguida de interesse e paixão. Mas eu não me entendo com o Aurélio, esse Jeová vingativo do antigo testamento.

Pois minha dificuldade é saber o que é um sonho. Sei que eles importam, sei que sonhos são as capas translúcidas que revestem todas as coisas, feiro aura. Mas pra mim eles parecem muitas vezes as roupas dos reis nus.

Coisas importantes são tão tênues que chegam a não parecer coisas. As grandes coisas teimam em fugir das palavras, das idéias e por vezes se escondem em sentimentos difíceis de se perceber. Mas eles estão lá.

Meu sonho tem a ver com liberdade, tem a ver com iniciativa, tem a ver com enxergar o brilho nos olhos dos outros e não sentir inveja. Joyce diz que pornografia é quando o observador quer para si o objeto. E que epifania é quando o senso do todo te possui, te enleva.

Meu sonho é atingir epifanias ajudando o desenvolvimento do mundo. Meu sonho é ser rei soberado de minha vida, Rei de Copas, feito de coração e honra. Firme no propósito e na ação. Meu sonho é ter epifanias com a beleza do mundo. É ver tudo o que for grandioso, é estar no mundo guiado pelo meu brilho nos olhos.

Pois é o brilho nos olhos a verdadeira forma de ver. E o olho que brilha é o condutor mais seguro para a vivência do sonho!

Todo criador é um sonhador. Todo criador se sente sozinho e quer criar para si um mundo vivo, povoado.

André C.

Filosofia

I once thought it better to regret
Things that I have done than haven't

Sometimes you've got to be wrong
And learn the hard way

Porém melhor seria se tudo fosse fácil. Os moralistas dizem: mas ai não teria graça. E qualquer um realmente sincero responderia com uma boa gargalhada. Acho que eu espero mais da humanidade do que o que pode ser oferecido. Por vezes imagino que sofro de alguma síndrome de Rex. Mas também pode ser só preguiça de arregaçar as mangas. Na verdade é mais simples: errar é foda. Ainda aprendo a não levar tão a sério. No potencial de aprendizado eu acredito.

Sem desculpa

Sempre precisei escrever para alguém, ter um alvo, uma musa inspiradora. Foram tantos alvos e uma infinidade de musas. Tirei de mim a vontade simples de escrever. Não há sentido em escrever. Mas, na verdade, coisa algum tem significado instínseco. O significado final das coisas e a suposição de sua existência são arbitrariedades impostas pela vontade irrealizável de ter certeza. Só os verdadeiramente sinceros e corajosos aceitam viver sem um saber final.

Quero me acostumar a escrever não pelo sentido que isso tem, mas pela profundidade que isso me acrescenta. Profundidade que, do início ao fim, é só minha.

Tuesday, September 04, 2007

Eu preciso lembrar

que eternidade, é sonho de viver com brilho perene no olhar...

Moody blues

We´re part of the fire that is burning
And from the ashes we shall bring another day...


Shiva, o deus que destrói o tempo dançando, é mais adorado que Bhrama, o deus criador. Criados já fomos, é algo dado, mas a transformação, a mudança, acontece, empurrando para a frente... queremos morrer pois sabemos: assim se dá a vida.

Mais que entender a dança, dançar.

Thursday, February 22, 2007

Rumi I

O mar é uma coisa
a espuma, outra;
Esquece a espuma e contempla o mar noite e dia,
Tu olhas para a ondulação da espuma e não para o poderoso mar.
Como barcos, somos jogados daqui para ali,
Somos cegos, embora estejamos no brilhante oceano.
Ah! tu que dormes no barco do corpo,
Tu vês a água; contempla a Água das águas!
Sob a água que tu vês há outra água que a move,Dentro do espírito há um espírito que o chama."

http://www.sertaodoperi.com.br/poesiasufi/index.htm