Sim, o amor, simples, puro e, acima de tudo, óbvio. Tão óbvio que uma pergunta levantada o esconde, como o vidro invisível quando o nariz se encontra próximo.
Encontrei o amor. Ele está onde eu lanço meu olhar. Ele está naquela que amo e o amor dela cai sobre mim como a fina chuva que refresca o verão. Eu sou dela, inteiro e sem medida. E ela é minha. E sim, há um pouco dessa posse no amor.
Quem ama torna o coração do outro tão próximo que ele vira o seu próprio coração. Na sombra de um mora o frescor do outro. No sol do olhar de um se aquece o corpo do outro.
Encontrei o amor. Numa despedida numa triste noite de hospital. Encontrei anos depois, em outro hospital, mas que tinha nome de vida. Encontrei um pouco antes, em outro nascimento, nuns olhos grandes e curiosos, lançados com vigor para todo o mundo. Nada de perguntas, só uma capacidade enorme de processar todos os acontecimentos do mundo.
Encontrei o amor tendo perdido uma grande parte de mim. Pois o amor pede menos orgulho e pede mais coragem, coragem de ser até piegas em algumas horas. Coragem de novamente acreditar numa cura para um mundo perdido.
Coragem louca e desvairada de um sonhador que tinha uma enorme dificuldade em definir o que é sonho. O simples motivo: sonhos são como o amor, quem pergunta demais automaticamente o calará. Como o sujeito estúpido que cobra da criança o silêncio, quando deveria aprender como é maravilhoso o som das primeiras impressões sobre o mundo.
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