Saturday, May 06, 2006

Dirty Mac


If i ain't dead already, don't know the reason why. Fruto de um raro encontro musical entre John Lennon e Eric Clapton, uma banda que ficou com o nome do título.

Tudo começa num dia azul de sol. Paz aparente. Termina cinza e cansado, aguardando o mergulho numa noite assustadora e fria.

Fiz um jogo de tarô. Minha persona, minha máscara, meu pão, cachaça, o meu social de todo dia, era a Estrela. Olha-se a foto de um lago suiço e vê-se harmonia, equilíbrio e até mesmo alegria. Superfície. Meu valor maior, demonstrar minha capacidade de dirigir minha vida, supervalorização da independência, era o Carro, quem dizia. Tudo para esconder um Diabo imaginário, por fim. Jogo de espelhos.

O casal perfeito seria, hoje, a Sacerdotisa e o Pendurado. Uma moça pudica, papai-mamãe com luz apagada e lençol, com o já conhecido e arquetípico sujeito que não caga nem sai da moita. Se esse fosse o último casal da terra, a humanidade estaria exterminada. Talvez isso nem fosse de todo ruim, pois o mundo estaria por fim livre do tempo.

Eta vida besta! Cansado, num sábado. Preciso me despir de mim, tirar, além da roupa, a pele, a carne, os músculos e os ossos... que sobrem as 21 gramas da alma, se forem realmente alma e não apenas ironia. Parece que a vida é um grande vazio, solitário, entrecortado, vez ou outra, de palavras.

Parafraseando o Manuel Bandeira: estou cansado de lirismo comedido, lirismo funcionário público com livro de ponto e tabela de regra de cossenos. Cansado de lirismo raquítico, sifilítico, que capitula ao que quer que seja pra fora de si mesmo. Vivam os barbarismos universais! Os loucos bem loucos, as fêmeas bem fêmeas.

Ainda preciso saber o que eu quero da vida.
If i ain't dead already, don't know the reason why.

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