Chega um momento
que tenho vontade
de não ter vontade de nada.
Apenas arrancar meu rosto
minha persona rasa
e deixá-lo no palco
ali, largado.
Há cinzas no meu rastro
e as flores se fecham
pois meu céu não é mais
tão azul.
Provavelmente são meus olhos
hoje bem menos verdes
figurados um tanto mais acinzentados.
Quero rasgar algumas páginas,
queimar muitos poemas
e oferecê-los a um mar agitado.
Que as ondas varram
destruindo tudo.
Que depois das ondas
reste apenas o que basta
para recomeçar.
Quero tudo do rascunho.
André C.
Blog pessoal de André Camargos, publicitário por profissão e escritor por hobby. Textos diversos como poemas. crônicas, críticas de livros e sugestões de leitura.
Monday, November 26, 2007
Friday, November 23, 2007
Saturday, November 17, 2007
Coisas que definem
Algumas coisas definem uma pessoa. Acho que com o tempo as coisas vão se definindo melhor e fica mais fácil de entender nosso porquê no mundo. Nada de papo metafísico. Pra mim é bem óbvio que deus nem ninguém nos deu missão nenhuma ao vir para o mundo. Quem acredita nisso sofre de imaturidade ou precisa desse tipo de segurança pra viver.
Ninguém nos deu nada a fazer. Com a vida, desenvolvendo com ela uma comunhão, construímos nossa via, buscando nossos impulsos e capacidades. Nossas vontades e prazeres em viver. Eu queria que alguém me salvasse mas isso era apenas uma dificuldade em aceitar minhas condições e minha forma de ser. Ninguém pode salvar ninguém. Nem deus, nem jesus, nem buda. Encontrando um desses, matem-os, eles são barreiras para você mesmo.
Algumas coisas me definem. Uma das coisas que sei fazer bem é escrever. Há pouco tempo eu não via existir um André sem isso. Mas parei. E é uma coisa minha, que me dá prazer, que me pacifica, que me desafia. Outra coisa que me define é ler. Adoro ler. Também tinha parado. Ler e escrever costumava roubar a cena do resto da minha vida. Hoje essas duas coisas estão integradas com tudo o mais que compõe a minha forma de ser. Inseparável de mim.
Todo o resto pode ser perdido. Mas não consigo pensar na minha vida sem esses dois elementos. Meus, egoisticamente meus, inegociáveis.
Ninguém nos deu nada a fazer. Com a vida, desenvolvendo com ela uma comunhão, construímos nossa via, buscando nossos impulsos e capacidades. Nossas vontades e prazeres em viver. Eu queria que alguém me salvasse mas isso era apenas uma dificuldade em aceitar minhas condições e minha forma de ser. Ninguém pode salvar ninguém. Nem deus, nem jesus, nem buda. Encontrando um desses, matem-os, eles são barreiras para você mesmo.
Algumas coisas me definem. Uma das coisas que sei fazer bem é escrever. Há pouco tempo eu não via existir um André sem isso. Mas parei. E é uma coisa minha, que me dá prazer, que me pacifica, que me desafia. Outra coisa que me define é ler. Adoro ler. Também tinha parado. Ler e escrever costumava roubar a cena do resto da minha vida. Hoje essas duas coisas estão integradas com tudo o mais que compõe a minha forma de ser. Inseparável de mim.
Todo o resto pode ser perdido. Mas não consigo pensar na minha vida sem esses dois elementos. Meus, egoisticamente meus, inegociáveis.
Saturday, November 03, 2007
um grito no vácuo
Estou de saco cheio. De tudo. Tudo nesse momento não basta. Ou talvez por estar acostumado com o nada, o tudo nem me parece possível. Sonhos. E eu que não tenho planos.
Gosto de que deu errado. Aquele amargor e eu sem saber o que acontece comigo. Fico com a sensação de que me perdi, de que nunca fiz uma coisa certa que fosse na minha vida. Olhar pro mundo e só ver o mundo me parece algo como uma doença. Fico pensando se não quero demais.
Acho que não conseguirei me contentar nunca com o rumo das coisas. Vai ver que meu destino é focar sempre no que falta. Nada parece suficiente. Nunca vou me acostumar com o tal do gênero humano. Sempre existirá uma inevitável distância. Me sinto destemperado, desequilibrado.
E escrevo. E é pra ninguém ouvir ou ler. Um grito no vácuo é ainda um grito??
Quem eu tenho que convencer? Porque se importar com qualquer coisa?? O mundo absurdo, a realidade simples, aceitável e pobre. Merda. Chutei o copo meio vazio e pisei nos cacos com força. Tingi o chão.
Eu, que preciso me ajudar, não consigo. Acho que quero mais é deixar que tudo caia pois eu cansei de segurar. Melhor é ser inútil. Os inúteis são livres pois nada se espera deles. E eu cansei de me imaginar com dívidas. Cansei de ter algo a pagar. Chega dessa culpinha besta, esse moralismo idiota.
E foda-se, por fim. E como diria o Manoel Bandeira, "cansei de poética que não é libertação".
Preciso de mais coisas legais e de menos gente enchendo o saco. Menos pc e mais vida. Menos música e mais canto. Mais gente que soma, que traz prazer, enlevo. Mais de tudo que é diferente, menos, bem menos, do mesmo.
Acredito numa vida mais gratificante. Quero parar de nivelar por baixo, ninguém precisa disso. Quero ir pra me jogar, não só tentar, mas tentar com todas as forças. Me reconhecer no espelho e desejar entrar no mundo, mais e mais.
Eu escrevo pois isso abre portas onde antes não parecia haver. Eu escrevo pois o beco sem saída, limitado por um muro, pode ser escalado. Eu escrevo porque gosto, porque é algo que me define, que me transforma, me desafia e me põe no caos da vida. Escrevo pois assim encontro o que realmente me faz respirar. Eu escrevo pois só eu posso respirar por mim mesmo. Mais ninguém pode. Escrevo pois isso faz parte de mim, integralmente e sem desculpas. Escrevo por acreditar que deve-se conversar também com o demônio, não só com deus.
Escrevo pois o que eu escrevo ninguém mais escreve. Só eu posso, pois ninguém além de mim sou eu.
Gosto de que deu errado. Aquele amargor e eu sem saber o que acontece comigo. Fico com a sensação de que me perdi, de que nunca fiz uma coisa certa que fosse na minha vida. Olhar pro mundo e só ver o mundo me parece algo como uma doença. Fico pensando se não quero demais.
Acho que não conseguirei me contentar nunca com o rumo das coisas. Vai ver que meu destino é focar sempre no que falta. Nada parece suficiente. Nunca vou me acostumar com o tal do gênero humano. Sempre existirá uma inevitável distância. Me sinto destemperado, desequilibrado.
E escrevo. E é pra ninguém ouvir ou ler. Um grito no vácuo é ainda um grito??
Quem eu tenho que convencer? Porque se importar com qualquer coisa?? O mundo absurdo, a realidade simples, aceitável e pobre. Merda. Chutei o copo meio vazio e pisei nos cacos com força. Tingi o chão.
Eu, que preciso me ajudar, não consigo. Acho que quero mais é deixar que tudo caia pois eu cansei de segurar. Melhor é ser inútil. Os inúteis são livres pois nada se espera deles. E eu cansei de me imaginar com dívidas. Cansei de ter algo a pagar. Chega dessa culpinha besta, esse moralismo idiota.
E foda-se, por fim. E como diria o Manoel Bandeira, "cansei de poética que não é libertação".
Preciso de mais coisas legais e de menos gente enchendo o saco. Menos pc e mais vida. Menos música e mais canto. Mais gente que soma, que traz prazer, enlevo. Mais de tudo que é diferente, menos, bem menos, do mesmo.
Acredito numa vida mais gratificante. Quero parar de nivelar por baixo, ninguém precisa disso. Quero ir pra me jogar, não só tentar, mas tentar com todas as forças. Me reconhecer no espelho e desejar entrar no mundo, mais e mais.
Eu escrevo pois isso abre portas onde antes não parecia haver. Eu escrevo pois o beco sem saída, limitado por um muro, pode ser escalado. Eu escrevo porque gosto, porque é algo que me define, que me transforma, me desafia e me põe no caos da vida. Escrevo pois assim encontro o que realmente me faz respirar. Eu escrevo pois só eu posso respirar por mim mesmo. Mais ninguém pode. Escrevo pois isso faz parte de mim, integralmente e sem desculpas. Escrevo por acreditar que deve-se conversar também com o demônio, não só com deus.
Escrevo pois o que eu escrevo ninguém mais escreve. Só eu posso, pois ninguém além de mim sou eu.
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