Estou de saco cheio. De tudo. Tudo nesse momento não basta. Ou talvez por estar acostumado com o nada, o tudo nem me parece possível. Sonhos. E eu que não tenho planos.
Gosto de que deu errado. Aquele amargor e eu sem saber o que acontece comigo. Fico com a sensação de que me perdi, de que nunca fiz uma coisa certa que fosse na minha vida. Olhar pro mundo e só ver o mundo me parece algo como uma doença. Fico pensando se não quero demais.
Acho que não conseguirei me contentar nunca com o rumo das coisas. Vai ver que meu destino é focar sempre no que falta. Nada parece suficiente. Nunca vou me acostumar com o tal do gênero humano. Sempre existirá uma inevitável distância. Me sinto destemperado, desequilibrado.
E escrevo. E é pra ninguém ouvir ou ler. Um grito no vácuo é ainda um grito??
Quem eu tenho que convencer? Porque se importar com qualquer coisa?? O mundo absurdo, a realidade simples, aceitável e pobre. Merda. Chutei o copo meio vazio e pisei nos cacos com força. Tingi o chão.
Eu, que preciso me ajudar, não consigo. Acho que quero mais é deixar que tudo caia pois eu cansei de segurar. Melhor é ser inútil. Os inúteis são livres pois nada se espera deles. E eu cansei de me imaginar com dívidas. Cansei de ter algo a pagar. Chega dessa culpinha besta, esse moralismo idiota.
E foda-se, por fim. E como diria o Manoel Bandeira, "cansei de poética que não é libertação".
Preciso de mais coisas legais e de menos gente enchendo o saco. Menos pc e mais vida. Menos música e mais canto. Mais gente que soma, que traz prazer, enlevo. Mais de tudo que é diferente, menos, bem menos, do mesmo.
Acredito numa vida mais gratificante. Quero parar de nivelar por baixo, ninguém precisa disso. Quero ir pra me jogar, não só tentar, mas tentar com todas as forças. Me reconhecer no espelho e desejar entrar no mundo, mais e mais.
Eu escrevo pois isso abre portas onde antes não parecia haver. Eu escrevo pois o beco sem saída, limitado por um muro, pode ser escalado. Eu escrevo porque gosto, porque é algo que me define, que me transforma, me desafia e me põe no caos da vida. Escrevo pois assim encontro o que realmente me faz respirar. Eu escrevo pois só eu posso respirar por mim mesmo. Mais ninguém pode. Escrevo pois isso faz parte de mim, integralmente e sem desculpas. Escrevo por acreditar que deve-se conversar também com o demônio, não só com deus.
Escrevo pois o que eu escrevo ninguém mais escreve. Só eu posso, pois ninguém além de mim sou eu.
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