Friday, June 16, 2006

Sonhos

Outro insight. Parece que meus sonhos vem sempre em 3, distanciados temporalmente entre si. Ontem liguei o cavalo ao cavaleiro e ao campo de futebol. Hoje lembrei de um outro sonho.

Estava eu e um colega conversando numas nuvens espessas, acima, bem acima de um estádio de futebol. Esse colega estava no sonho por ser um grande amigo, desses de pouco tempo mas significativos. Engraçado, minhas amizades de verdade acontecem no silêncio. Dispensam palavra ou conhecimento.

Ambos sabemos que há um monstro lá embaixo, algo que está matando as pessoas. A única coisa que mata pessoas, eu acho, é o tempo. Meu amigo me chama para ir lá embaixo, participar do jogo, e pula, caindo para baixo das nuvens. Eu fico sozinho, com medo, e não desço.

O de cima, superior à realidade, cheio de conhecimentos teóricos e sonhos de beleza num mundo sem tempo nem morte nem realização.

O de baixo, o menino mudo que anda com dificuldades, entrando em campo despreparado, armado apenas da própria teimosia e coragem, submetido à materialidade e a recusa de viver uma vida, se ela não for perfeita.

E o cavalo, veículo, vigor, força, livre mas batendo cabeça.

E o terceiro, ainda não anunciado. O resultado da soma dos 2, o cavaleiro imperfeito, mas real, corajoso e conectado a realidade, mas ligado à transcendência e ao Ser do mundo sem tempo.

O Ser que é, simplesmente, a totalidade de um sujeito.

Me veio outro sonho. Uma garota de quem eu gosto. Ela toca um piano com 3 teclas. As 3 teclas, em conjunto, são destacáveis do piano. Ela me mostra A,B ou C. Diz: "Quantas combinações dá pra fazer com isso?".

Mais outro. Meu analista, na janela do carro, me diz: "Lembre-se, o quadrado é perfeito, mas não é completo." E eu peço que ele me ajude, através da análise, para que eu me sinta mais inteiro.

Mas a análise não se presta a isso. A análise tem o fim de tornar a incompletude, a falta que define o ser humano, mais suportável. Diz Freud que queria tornar a miséria da vida humana em um sofrimento mais tolerável. Buda diz: toda vida é sofrimento. E o objetivo dele é o mesmo: lide com o sofrimento e torne-o possível.

O triângulo, me lembra triângulo amoroso e também a trindade. O quadradro, me lembra um ringue, a carta do Imperador e a idéia desta ser a única forma perfeita criada pelo homem.

Só através da batalha se construirá esse quadrado perfeito. Só no sangue. Familiar isso, não? Quantos mortos ao longo da história? Quanto sangue derramado para construir a cidade de deus?

Transmutar o Ego-Dragão para o Sábio-Dragão, equilíbrio de bicho que vive na terra e no céu, como Shiva, um pé sobre o anão da ignorância e o outro levantado, erguido no ar.

Ainda ouvindo Caetano Veloso:
Mora na filosofia... pra que rimar... amor com dor?

Por enquanto me falta o que escrever.

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