Tuesday, January 19, 2016

Perguntas

O mundo é justo.
O mundo é justo?

O mundo é injusto.
O mundo é injusto?


O mundo é o mundo?
O mundo é o mundo.

O mundo é.

Somos seus ouvidos,
seus olhos,
suas testemunhas passageiras.

Mas não somos sua única voz.

Somos um breve sussurro,
a parte de um canto,
notas breves de uma partitura
de uma história maior.


Sunday, January 17, 2016

Sentidos

Somos os sentidos do mundo. As testemunhas do que se passou e do que acontece em nosso universo. Sem o ser humano não haveria quem olhasse, quem sentisse ou quem registrasse a existência. Não haveria um sentido a ser afirmado e o universo não teria voz, olhos ou ouvidos.

Friday, January 15, 2016

Uma gota

O tempo
tira tudo de você.

Vão suas roupas, corroídas,
sua respiração, que enfim pára.

Suas forças, pernas e braços,
seus sentidos.

Tudo se vai, é despido

Mas e se, na verdade,
não há o que ser tirado?

Tudo que é seu
não é muita coisa
se "você", "eu" e "nós"
por fim, não existem.

Citando o espanhol Machado,
o que é uma gota de água
que grita ao mar:
"eu sou o mar"?



Wednesday, January 06, 2016

Livro: Why Nations Fail



Dizem que, mais importante que a resposta, é a pergunta que fazemos. Pra mim, um dos grandes questionamentos que tive (e ainda tenho) é o motivo da existência da desigualdade e da pobreza e o porquê de tantas diferenças, principalmente econômicas, entre (e dentro de) países do mundo.

Quando fui procurar explicações, o que encontrei foram lugares comuns compilados e misturados com preconceitos, ideologias, religiões etc. Nenhuma delas fez muito sentido para mim, atribuindo essa miséria a causas metafísicas, ou numa visão torta, culpando exclusivamente o próprio indivíduo, ou o fato dele ser de uma ou outra nacionalidade, dentre outras visões.

Então encontrei esse livro para o Kindle na Amazon.Escrito pelos economistas Daron Acemoglu e James Robinson, “Por que nações fracassam” (Why Nations Fail) propõe uma ideia interessante, que é esmiuçada e detalhada ao longo dos capítulos.

O conceito central é que nações prosperam ou fracassam devido à sua capacidade, ou falta dela, de construir instituições que representem diversos setores e interesses da sociedade, garantindo uma dinâmica em que não haja hegemonia de uma única parte sobre todas as demais.

A evolução dos países de sistemas políticos autocráticos para aqueles mais participativos, se dá a partir da luta de setores, a princípio à margem da sociedade, para conseguirem poder e influência de fazer valer sua voz, sua participação. 

É um livro muito atual e que explica bem o momento que vivemos. Afinal, hoje, é a existência de instituições independentes, fortalecidas pela nossa história, que desencadeou um processo de combate à corrupção inédito no Brasil. 

O mérito desse fortalecimento não é de nenhum governo específico, pelo contrário, já que o Estado, dominado por interesses específicos desde o nosso sempre, é uma força obviamente contrária à essa mudança. 

Vemos hoje, nos veículos de comunicação, um governo e, de forma geral, uma classe política e cartéis empresariais que tentam impedir investigações, geralmente por baixo dos panos ou mesmo desqualificar nossa Justiça, acostumados que estão a deter exclusivamente para si mesmos o poder econômico e os frutos da prosperidade. 


Sentido

Ouvir:
o silêncio no barulho
o barulho no silêncio.

Tuesday, January 05, 2016

Cor

Ele se perguntava se um dia aquela realidade se tornaria tão opressiva que ele explodiria. Os carros, a rotina. A natureza sufocada, oprimida pelo concreto. A cidade, concreta demais. As pessoas, concretas demais. Ele mesmo, físico demais.

Alguns até tentam pintar o concreto, mas o cinza paulista sempre predomina, com cores aplicadas sobre sua superfície tomando invariáveis tons sem graça. Ele nunca gostou também dos tons pastéis, pois era como se as cores estivessem envergonhadas de si mesmas.

Que o verde seja verde!  E o vermelho, realmente rubro. Que a cor do mundo, da vida, vida mesmo, dê a sua graça. Ele também sabia, mais que tudo, que a melhor tinta de todas sempre foi a imaginação. Que tudo era sempre diferente, mesmo quando não parecia.