Tuesday, January 05, 2016

Cor

Ele se perguntava se um dia aquela realidade se tornaria tão opressiva que ele explodiria. Os carros, a rotina. A natureza sufocada, oprimida pelo concreto. A cidade, concreta demais. As pessoas, concretas demais. Ele mesmo, físico demais.

Alguns até tentam pintar o concreto, mas o cinza paulista sempre predomina, com cores aplicadas sobre sua superfície tomando invariáveis tons sem graça. Ele nunca gostou também dos tons pastéis, pois era como se as cores estivessem envergonhadas de si mesmas.

Que o verde seja verde!  E o vermelho, realmente rubro. Que a cor do mundo, da vida, vida mesmo, dê a sua graça. Ele também sabia, mais que tudo, que a melhor tinta de todas sempre foi a imaginação. Que tudo era sempre diferente, mesmo quando não parecia.

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