Tuesday, October 04, 2005

As mil faces


Percebo hoje quào complexa é a minha (e acho que de todos) personalidade. Parece que o alvo mais vísivel é sempre um EU como instância consciente e prioritária em nossa paisagem mental. Que ele, soberano, reina acima de todos, como um imenso olho postado sobre uma torre de marfim. É estranho perceber que esse eu, no fundo, é uma parte apenas, não menos importante que outra, mas apenas o princípio da história.

Nunca entendi como era possível haver tantas "pessoas" diferentes dentro da minha cabeça. Não era possível, devia haver culpados e coisas a serem cortadas, pessoas a serem encarceradas, pois como no filme Highlander, só podia haver um.

Só começou a dar certo quando parei. Culpados? Incoerentes? Incorretos, pra não dizer errados? Bem? Mal? Não, somente partes a serem admitidas e assimiladas.

O Eu não é uma parte, não é aquilo que mais fácil e por mais tempo se identifica e fica presente. O Eu é um conjunto, uma totalidade reconhecida e construída. Existe como ato, como imagem, como palavra. Eu tenho muitas faces. Não me atrevo a dizer que outros as tem, quanto a isso só posso desconfiar, como bom mineiro. Será que Descartes tinha algo de mineiro?

Quando comecei a escrever esse texto estava mais inspirado.

2 comments:

Anonymous said...

Mas os grandes feitos do "eu" não seria justamente a percepção de si mesmo e a escolha?

Por que não escolher partes do "eu" e atrofiar as outras, indesejadas?

Anonymous said...

O meu Eu não tem mil faces, mas, umas três ou quatro que percebo...rs Acho interessante brincar comigo mesma. Com as minhas sensações e pensamentos...Estou tentando me sentir menos culpada por algumas atitudes que o mundo acredita serem erradas e nas quais acredito estarem corretas... é muito confuso falar de si mesmo. Mas, depois que se ultrapassa os primeiros duelos, tudo fica mais tranqüilo e prazeroso.
É isso...