Do alto da montanha via-se, em cores várias, todo o mundo. Mais ao norte cresciam árvores verdejantes, tagarelando entre si, balançando ao sabor do vento. Ho Sushiman aprendera com o mestre a ouví-las. Subia da relva um cheiro de multiplicidades crescendo como crescem todas as coisas vivas. Ho Sushiman podia sentir seu odor, mesmo à longas distâncias, como faria Heimdall, o deus nórdico, que tinha seus sentidos incrivelmente apurados. Lá longe, uma jovem brincava, saltando e sorrindo, com sua saia de colegial dançando pelo ar, para cima e para baixo. Ho Sushiman aprendera com o mestre que não podia ver aquele tipo de coisa. Mas aquela era uma difícil provação e, insistindo em espiar, levou na cabeça uma caximbada do caximbo de bambú-rei do mestre. Sabiamente o mestre Pingo'Lin dizia: "somente quando você for um mestre e não uma jovem joaninha deslumbrada, poderá postar seus olhos sobre o corpo de uma garota." Ho Sushiman, com sua incrível visão, via agora um monge careca, despido de seu hábito fazendo cócegas no ventre da jovem. Então Pingo'Lin disse:
- Joaninha Deslumbrada - quando chamado daquela forma pela primeira vez pelo mestre, Ho Sushiman quis introduzir o caximbo de Pingo'Lin em algum lugar inóspito do velho - hoje aprenderá um novo mantra. Repita comigo...
- Sim, mestre...
- Eu...
- Eu...
- Sou...
- Sou...
- Foda...
- Foda...
- Muito bem, essa é a maior lição do Zen Fodismo... agora medite sobre o tema e me dê uma resposta à altura.
Um minuto de silêncio... Quando Pingo'Lin já se levantava, Ho Sushiman perguntou:
- Mas mestre, "eu sou foda" não é uma pergunta...
Pingo'Lin parou... pensou... terminou por dar uma caximbada em Ho Sushiman...
- Então me responda: "Eu sou foda?"
E Ho Sushiman se iluminou naquele momento.
1 comment:
Genial!!! =D
Post a Comment