Friday, December 02, 2005

Temperamental

Vai ver que essa palavra me descreve bem. Vamos ao Aurélio.

[De temperamento + -al1.] Adjetivo de dois gêneros. 1.Relativo a temperamento. 2.De caráter instável, emotivo. 3.Diz-se de quem reage seguindo tão-só os impulsos de seu temperamento. Substantivo de dois gêneros. 4.Pessoa temperamental.

Vi um dia um sujeito, americano de nascimento mas budista de escolha, que dizia ter aprendido a observar a mente. Que a mente tem estados diversos, inclusive o do mau-humor, coisa que sinto agora. Que podemos nos distanciar dessas emoções, nos colocando um pouco à distância e fazendo a única coisa possível: esperar passar, como uma nuvem de chuva. Mas ainda não abracei o papo do “to be yourself is all that you can do”, que é muito bonito, muito interessante, muito chique, em bom francês do Existencialismo. Que é ótimo, quando você se sente no melhor dos estados, no lado claro da lua e não no outro.

Fico pensando, será que a gente pode mudar algumas características da nossa personalidade, ou isso é só uma fuga? Um eterno sair correndo das coisas, um devir com duas boas pernas de atleta para correr? Fico pensando que nisso, os budistas estão certos. Eles pregam a aceitação total do mundo. Longe dos livros de auto-ajuda, o que eles pensam revelam que deve-se aceitar inclusive os males, as partes não tão boas nem lá muito sociáveis.

Pessoas são diferentes. Algumas tem reações despertadas pelo mundo exterior a elas. Outras, como eu, estão voltadas para si mesmas, e seus humores tem mais a ver com seu mundo interior que o mundo de fora. Creio que entendi finalmente o que para Jung é Introversão e Extroversão. Nem tanto questão de ato, mais uma questão da forma como você pensa e processa as coisas.

Para o mal e para o bem, conceitos muito mais difíceis de definir do que os religiosos gostariam, estou condenado a mim mesmo. Estranho ter na cabeça o seu melhor amigo e também o seu pior inimigo. Mas a gente aprende.

Sei que hoje preciso estar atento. Tenho uma vida de tarefas e relações a levar ao longo do resto da manhã, da tarde e da noite. Sabendo que minha visão está mais turva pelo sentimento de mau-humor, um filho da tristeza e o pai da raiva, que hoje irá certamente me visitar, tenho que me controlar e me fixar em algo externo, em argumentos e um pouco de racionalidade e lógica.

O mais curioso de tudo é que nem todo mundo vê esse lado. Aprendi a ficar na minha, uma atitude não muito sociável, mas muito boa. Confortável, livre e sincera. Se não te interessa conversar com uma pessoa usando a moeda de troca da trivialidade, pra que começar? O silêncio, uma ótima invenção, no lugar do palavrório sem sentido. Irônico é que eu, na minha, levo sempre um livro, cheio de palavras.

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