É um filme no máximo razoável, por ser um tanto sem enredo e parado. No entanto, guarda uma mensagem bem forte: a gente ama pessoas, não gêneros. Ainda que heterosexuais se apaixonem por pessoas do sexo oposto e os homosexuais pelas de mesmo sexo, o que deve ser visto, por fim, é a partilha de sentimentos que se dá entre pessoas. Uma questão de respeito ao outro.
Triste ver uma história de duas pessoas vivendo vidas inautênticas pelo simples fato de uma sociedade, à época, não estar preparada para enfrentar a realidade, sem moralismos.
Não estamos numa teocracia, nem somos fundamentalistas, ainda que alguns preferissem que vivêssemos suplantados a acovardados por escrituras ditas de outros mundos "superiores".
Democracia, valor tão desrespeitado, palavra tão vilipendiada, pode ser adotada por cada pessoa, quando se entende: existe para cada indivíduo uma verdade. Eu posso não concordar com a verdade do outro. Mas lutarei sempre pelo seguinte direito fundamental: cada um tem o direito de viver como quer ou dá conta, independente do gosto do outro. O espaço do mundo não pertence a ninguém, é de todos, abre oportunidade para a diversidade. Isso quer dizer entender o próprio desejo como manifestação da individualidade e não como manifestação única e absoluta, a ser imposta para todos.
Kierkegaard, primeiro existencialista, dizia que a via da religião era a forma mais correta de se viver. E o que há de existencialista nisso? No fato de que esse sujeito entendia que a religião era o caminho para ele, mas não necessariamente para o outro.
Na minha opinião, não há coisa como natureza humana. Não somos bons ou ruins por definição. Nem há qualquer coisa que defina, a priori, o que é certo, posto como "natural" ou errado, posto como "não-natural". Talvez as coisas fossem mais fáceis se fossem pretas ou brancas. Mas não são, nem vale a pena perder tempo especulando a existência desse mundo que não existe.
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