uma lágrima resiste à gravidade
escondida do mundo...
a falta que faz
alguma coisa sem nome
nascida do íntimo
que parece mas não é bem um pesar
que é sim tristeza, mas não só,
que é insubstituível por palavras
meras incontáveis tentativas, racionalizantes,
de dar murro em ponta de faca
de escrever com letra
o que de fato é saudade.
Blog pessoal de André Camargos, publicitário por profissão e escritor por hobby. Textos diversos como poemas. crônicas, críticas de livros e sugestões de leitura.
Thursday, December 17, 2009
Pessoas
os que passaram mas ficaram
os que passaram e sairam
os que não vemos mas carregamos
que deixam gosto de nostalgia
e uma pergunta, suspensa no ar,
por que tão distantes?
Por que eu distante?
os que passaram e sairam
os que não vemos mas carregamos
que deixam gosto de nostalgia
e uma pergunta, suspensa no ar,
por que tão distantes?
Por que eu distante?
Wednesday, November 18, 2009
Ao longo do caminho
Transtornado,
forma transitória
do cavaleiro transfigurado
da (nem um pouco) triste figura.
Tornado passageiro,
vulto todo iluminado
cheio de silêncio:
transformado ao longo do caminho.
André C.
forma transitória
do cavaleiro transfigurado
da (nem um pouco) triste figura.
Tornado passageiro,
vulto todo iluminado
cheio de silêncio:
transformado ao longo do caminho.
André C.
Tuesday, November 17, 2009
Passagem
O tempo
espiral desdobrada
de quem olha por vezes o mesmo
já de outro ponto de vista.
Não é um círculo, constante,
antes, é serpente que se desenrola
não cabendo em linhas, escada reta,
feito em progressões exatas.
Não há disso no tempo
feito de suas antiguidades e rituais
dado a desarranjos e imprevisibilidades.
Nem só de progresso vive o homem,
o pão que comemos
é bem mais efêmero.
André C.
espiral desdobrada
de quem olha por vezes o mesmo
já de outro ponto de vista.
Não é um círculo, constante,
antes, é serpente que se desenrola
não cabendo em linhas, escada reta,
feito em progressões exatas.
Não há disso no tempo
feito de suas antiguidades e rituais
dado a desarranjos e imprevisibilidades.
Nem só de progresso vive o homem,
o pão que comemos
é bem mais efêmero.
André C.
Tuesday, November 10, 2009
Tuesday, November 03, 2009
Toalhas e o amor
Estar apaixonado, profundamente,
é estar feliz pois você encontrou
ao lado de sua toalha a toalha dela.
E próxima da sua escova de dentes
a escova e o creme dental dela.
É saber que ela, a amada, se encontra ali
do outro lado de uma porta
que em breve se abrirá.
É um caminhar orgulhoso, na rua,
com o pão quentinho, da padaria,
para tomar café com ela
(só com ela)
na cumplicidade do sorriso
e de um beijo-selinho roubado
a cada mordida.
Estar apaixonado, de vez em quando
é tristeza:
quando sua toalha está sozinha
ou a dela continua dependurada
sem que Ela esteja presente
quando a escova dela foi embora
e o chocolate dividido por amor
virou só uma embalagem vazia.
E ai é ficar de novo alegre,
sonhando com a chegada do dia,
aquele dia em que ela,
o seu único e apaixonado amor
virá de vez, para ficar.
é estar feliz pois você encontrou
ao lado de sua toalha a toalha dela.
E próxima da sua escova de dentes
a escova e o creme dental dela.
É saber que ela, a amada, se encontra ali
do outro lado de uma porta
que em breve se abrirá.
É um caminhar orgulhoso, na rua,
com o pão quentinho, da padaria,
para tomar café com ela
(só com ela)
na cumplicidade do sorriso
e de um beijo-selinho roubado
a cada mordida.
Estar apaixonado, de vez em quando
é tristeza:
quando sua toalha está sozinha
ou a dela continua dependurada
sem que Ela esteja presente
quando a escova dela foi embora
e o chocolate dividido por amor
virou só uma embalagem vazia.
E ai é ficar de novo alegre,
sonhando com a chegada do dia,
aquele dia em que ela,
o seu único e apaixonado amor
virá de vez, para ficar.
Deus
Vi a luna hoje.
Coisa complicada,
poesia iniciada em ato falho.
Vi a lua hoje de um jeito de antes, que eu não me lembrava. Na última vez a lua era sol e eu me encontrava desesperado na dúvida profunda de que se Deus existia ou se deus não existia. Nunca na minha vida me pareceu mais importante responder essa dúvida do que naquela época. Eu precisava se uma solução ou minha cabeça explodiria. A solução encontrada foi a suspensão que era pura sinceridade: eu não sei.
Não sabendo fui seguindo e livro após livro, experiência após experiência vi o simbolismo de Deus e aprendi que não sabia o gosto de quê eu estava sentindo. Comemos amoras, mas podemos ter certeza da literalidade da experiência? Entre nós e o mundo haverá sempre uma barreira simbólica, um nome, uma imagem, uma palavra. O que nos separa da realidade nos une na convivência possível de Deus em muitos nomes, válido em todas as suas máscaras e atado em semelhança. Atado na virtude, na cólera, no poder, no silêncio e no grito.
E o gosto que eu quis então foi uma experiência religiosa direta, além dos nomes, idéias ou imagens. E eu senti esse gosto por via da manifestação natural que considero majestosa: o verde e as árvores. Sonho antigo de correr desembestado pelo mato.
Hoje, entendo e vivo e aceito o simbolismo, mas minha licensa poética me dá oportunidade de ver esse tal deus e acreditar que ele investe em si o amor. Mas ainda o vejo múltiplo e igualmente válido em vários mundos dentro do nosso.
Que mal há em ver na Lua, Luna, uma deusa bela, virtuosa e natural? Não há mal possível em algo tão sublime e maravilhoso. Ainda que houvesse, meu coração de menino emburrado e teimoso me protegeria... A imagem ou a idéia poética da luna nada mais são que meros veículos, importando bem menos que a viagem.
Coisa complicada,
poesia iniciada em ato falho.
Vi a lua hoje de um jeito de antes, que eu não me lembrava. Na última vez a lua era sol e eu me encontrava desesperado na dúvida profunda de que se Deus existia ou se deus não existia. Nunca na minha vida me pareceu mais importante responder essa dúvida do que naquela época. Eu precisava se uma solução ou minha cabeça explodiria. A solução encontrada foi a suspensão que era pura sinceridade: eu não sei.
Não sabendo fui seguindo e livro após livro, experiência após experiência vi o simbolismo de Deus e aprendi que não sabia o gosto de quê eu estava sentindo. Comemos amoras, mas podemos ter certeza da literalidade da experiência? Entre nós e o mundo haverá sempre uma barreira simbólica, um nome, uma imagem, uma palavra. O que nos separa da realidade nos une na convivência possível de Deus em muitos nomes, válido em todas as suas máscaras e atado em semelhança. Atado na virtude, na cólera, no poder, no silêncio e no grito.
E o gosto que eu quis então foi uma experiência religiosa direta, além dos nomes, idéias ou imagens. E eu senti esse gosto por via da manifestação natural que considero majestosa: o verde e as árvores. Sonho antigo de correr desembestado pelo mato.
Hoje, entendo e vivo e aceito o simbolismo, mas minha licensa poética me dá oportunidade de ver esse tal deus e acreditar que ele investe em si o amor. Mas ainda o vejo múltiplo e igualmente válido em vários mundos dentro do nosso.
Que mal há em ver na Lua, Luna, uma deusa bela, virtuosa e natural? Não há mal possível em algo tão sublime e maravilhoso. Ainda que houvesse, meu coração de menino emburrado e teimoso me protegeria... A imagem ou a idéia poética da luna nada mais são que meros veículos, importando bem menos que a viagem.
Tuesday, October 27, 2009
Norte
Sou o que gosto.
Sou do que gosto.
Meu querer intangível
nem sempre é porto seguro.
Quando a noite vejo a chuva
espero pelo raio e a tempestade.
O reluzir prateado vem para lembrar
que o tempo distante
torna cada tormenta
um história marcada.
Gosto do raio, o trovão diz que há vida
e que a vida está lá fora.
Mas nem só de raios vivemos
além deles há o frescor do vento
soprado no dia do sol
fazendo do verde das árvores
um mundo rico em movimento.
Gosto do sol mas sei viver na chuva.
Sou do que gosto.
Meu querer intangível
nem sempre é porto seguro.
Quando a noite vejo a chuva
espero pelo raio e a tempestade.
O reluzir prateado vem para lembrar
que o tempo distante
torna cada tormenta
um história marcada.
Gosto do raio, o trovão diz que há vida
e que a vida está lá fora.
Mas nem só de raios vivemos
além deles há o frescor do vento
soprado no dia do sol
fazendo do verde das árvores
um mundo rico em movimento.
Gosto do sol mas sei viver na chuva.
Monday, October 26, 2009
É, velho, eu aceito
O novo em cada letra
Um grito em cada canto espalhado
e a paz da liberdade
que nào se dá no silêncio
nem se encontra senão na batalha
Alegria de quem se encontra na linha de tiro
que se joga e se testa, negando a cada momento
a morte do ser que sonha.
E eu sonho, ainda que eu tenha aprendido
(finalmente)
que quem sonha não pergunta
apenas sinaliza com a cabeça,
ainda que ninguém o veja,
pois diz sim para si mesmo:
"é, cara, é isso mesmo... eu aceito".
André C.
Um grito em cada canto espalhado
e a paz da liberdade
que nào se dá no silêncio
nem se encontra senão na batalha
Alegria de quem se encontra na linha de tiro
que se joga e se testa, negando a cada momento
a morte do ser que sonha.
E eu sonho, ainda que eu tenha aprendido
(finalmente)
que quem sonha não pergunta
apenas sinaliza com a cabeça,
ainda que ninguém o veja,
pois diz sim para si mesmo:
"é, cara, é isso mesmo... eu aceito".
André C.
Friday, October 23, 2009
O muito mas pouco e o pouco muito...
Vivemos no mundo do muito. Tudo vem aos montes, informação, músicas, filmes, tudo podendo ser acessado via internet, todas as discografias facilmente disponíveis. Viramos colecionadores de coisas que se contam de mil em mil. Comum se falar em 10.000 mp3 no HD, ou 200 filmes pornô da polônia ao brasil e as milhares de fotos.
Com tanta coisa, e com nosso tempo humano de sempre, sobrou pouco tempo para o saborear das coisas. Aquele CD que se ouve um mês em seguida. As fotos que demoravam para revelar, aquela ansiedade da surpresa, da dúvida e do mistério da revelação.
Acabei de entender o movimento do Slow, do aproveitar lentamente cada pedaço da vida, sentí-lo na pele como as coisas que são incontáveis. Prazeres que não vem aos montes, que surgem como oportunidade passageira, etérea e impermanente. Prazeres que não podem ser plugados nem vem em arquivos de dados.
Com tanta coisa, e com nosso tempo humano de sempre, sobrou pouco tempo para o saborear das coisas. Aquele CD que se ouve um mês em seguida. As fotos que demoravam para revelar, aquela ansiedade da surpresa, da dúvida e do mistério da revelação.
Acabei de entender o movimento do Slow, do aproveitar lentamente cada pedaço da vida, sentí-lo na pele como as coisas que são incontáveis. Prazeres que não vem aos montes, que surgem como oportunidade passageira, etérea e impermanente. Prazeres que não podem ser plugados nem vem em arquivos de dados.
Wednesday, October 21, 2009
Time and Tragedy and the tangible Love
The passing of time enhances our perception of the tragedy. Moment by moment, death comer near and you feel it's flow. Like a river silent and small that grows bigger into a flood. Such is our fate. Not necessarily dark. Life is either beautifull as terrible. Life is sweet and rough. Time make us live the love, unperceptible in the beggining but each day more clear and present. Love becamos something great, important and perfectly tangible.
Tuesday, July 21, 2009
A espera
Há sempre um poema
a espera de um pulso que o escreva,
de um coração que o sinta,
de um ser que o faça coberto de vida.
Mesmo no vazio há poesia
que é sempre desolação aparente
pois sempre haverá uma história
e um ser humano, vivo em drama.
Menos saudade, menos nostalgia, o que anda olha para frente, e caminha, mesmo que cada passo por vezes doa. Pois cada passo é necessário, importante e completo. Não é a dificuldade que aprisiona, mas o espírito paralisado pelo temor e pelo tempo, que seca o rio dos sonhos, daquilo que é perene na vida. Não é o desafio que move, prefiro o que vem de dentro, prefiro a luta de ursos na caverna, ainda que eu seja uma formiga lutando contra a tempestade. Mas há algo de belo, há um sorriso de menino naquele que, pequeno, ri, meio louco, quando o poderoso raio lambe seus pés.
Eu sou um desses. Eu acho que raios e relâmpagos nos lembram da grandiosidade e da por vezes terrível beleza do mundo. Estar no centro de uma tempestade e encontrar dentro dela o silêncio, e escutar o sibilar da alma, cujo único som vem de uma vibração, que é também uma sensação, é a minha busca.
André C.
a espera de um pulso que o escreva,
de um coração que o sinta,
de um ser que o faça coberto de vida.
Mesmo no vazio há poesia
que é sempre desolação aparente
pois sempre haverá uma história
e um ser humano, vivo em drama.
Menos saudade, menos nostalgia, o que anda olha para frente, e caminha, mesmo que cada passo por vezes doa. Pois cada passo é necessário, importante e completo. Não é a dificuldade que aprisiona, mas o espírito paralisado pelo temor e pelo tempo, que seca o rio dos sonhos, daquilo que é perene na vida. Não é o desafio que move, prefiro o que vem de dentro, prefiro a luta de ursos na caverna, ainda que eu seja uma formiga lutando contra a tempestade. Mas há algo de belo, há um sorriso de menino naquele que, pequeno, ri, meio louco, quando o poderoso raio lambe seus pés.
Eu sou um desses. Eu acho que raios e relâmpagos nos lembram da grandiosidade e da por vezes terrível beleza do mundo. Estar no centro de uma tempestade e encontrar dentro dela o silêncio, e escutar o sibilar da alma, cujo único som vem de uma vibração, que é também uma sensação, é a minha busca.
André C.
Tuesday, June 16, 2009
O caminho para dentro
Estou no escuro. No escuro não se pode ver coisas definidas. No escuro a única luz existente é a interior. Sozinho, no silencio, pode-se ouvir o tilintar sutil da vontade, vibrando quase inaudível. Não é uma luz externa que deve ser acendida. Mas sim o sol eterno interior, o que chama de alma, o que chamam de vontade, desejo, impulsão. No escuro, você sabe que existe, não sendo possível confiar em nenhuma referencia externa, restando só o si mesmo. Lá, livre de influências, está a fonte. Eu sonho com essa conexão. Deus é isso. No silêncio que permite o encontro. O encontro entre o homem, que deve descobrir como abrir a gaiola e o cavalo que lá está. Uma força viril que precisa de direção. Que precisa de uma consciência humana. O cavalo no campo é o cavalo provocado a agir, fora de seu centro, fora de seu lugar. O sangue não importa tanto, ele me diz que é a minha vida ali representada. Minha luta contra os chifres em cabeça de cavalo. Não há nada de grave a ser descoberto. Existe sim um eu a ser encontrado, que sempre esteve lá. Mas para encontrar algo além de uma névoa e uma terra devastada, é necessário mergulhar mais. Além do superficial. Um velho de olhos vermelhos e lobos. Um mar de tubarões, um recém-nascido na caverna profunda e uma planta, uma muda para ser plantada. Um sacrifício. Um nascimento. É preciso abandonar a criança de vez e abraçar a consciência. Do desejo infantil, do choro pedinte, para o da vontade que busca instrumentos de realização. O fim do externo e o desenvolvimento do ouvido interior. Há sim o que ouvir, sempre. O silêncio ou o barulho esconde, mascara, enevoa.
Monday, June 01, 2009
O amor
Sim, o amor, simples, puro e, acima de tudo, óbvio. Tão óbvio que uma pergunta levantada o esconde, como o vidro invisível quando o nariz se encontra próximo.
Encontrei o amor. Ele está onde eu lanço meu olhar. Ele está naquela que amo e o amor dela cai sobre mim como a fina chuva que refresca o verão. Eu sou dela, inteiro e sem medida. E ela é minha. E sim, há um pouco dessa posse no amor.
Quem ama torna o coração do outro tão próximo que ele vira o seu próprio coração. Na sombra de um mora o frescor do outro. No sol do olhar de um se aquece o corpo do outro.
Encontrei o amor. Numa despedida numa triste noite de hospital. Encontrei anos depois, em outro hospital, mas que tinha nome de vida. Encontrei um pouco antes, em outro nascimento, nuns olhos grandes e curiosos, lançados com vigor para todo o mundo. Nada de perguntas, só uma capacidade enorme de processar todos os acontecimentos do mundo.
Encontrei o amor tendo perdido uma grande parte de mim. Pois o amor pede menos orgulho e pede mais coragem, coragem de ser até piegas em algumas horas. Coragem de novamente acreditar numa cura para um mundo perdido.
Coragem louca e desvairada de um sonhador que tinha uma enorme dificuldade em definir o que é sonho. O simples motivo: sonhos são como o amor, quem pergunta demais automaticamente o calará. Como o sujeito estúpido que cobra da criança o silêncio, quando deveria aprender como é maravilhoso o som das primeiras impressões sobre o mundo.
Encontrei o amor. Ele está onde eu lanço meu olhar. Ele está naquela que amo e o amor dela cai sobre mim como a fina chuva que refresca o verão. Eu sou dela, inteiro e sem medida. E ela é minha. E sim, há um pouco dessa posse no amor.
Quem ama torna o coração do outro tão próximo que ele vira o seu próprio coração. Na sombra de um mora o frescor do outro. No sol do olhar de um se aquece o corpo do outro.
Encontrei o amor. Numa despedida numa triste noite de hospital. Encontrei anos depois, em outro hospital, mas que tinha nome de vida. Encontrei um pouco antes, em outro nascimento, nuns olhos grandes e curiosos, lançados com vigor para todo o mundo. Nada de perguntas, só uma capacidade enorme de processar todos os acontecimentos do mundo.
Encontrei o amor tendo perdido uma grande parte de mim. Pois o amor pede menos orgulho e pede mais coragem, coragem de ser até piegas em algumas horas. Coragem de novamente acreditar numa cura para um mundo perdido.
Coragem louca e desvairada de um sonhador que tinha uma enorme dificuldade em definir o que é sonho. O simples motivo: sonhos são como o amor, quem pergunta demais automaticamente o calará. Como o sujeito estúpido que cobra da criança o silêncio, quando deveria aprender como é maravilhoso o som das primeiras impressões sobre o mundo.
encontro
Puxo atrás de mim uma grande sombra, dura e espessa. E eu temo. Tenho medo de tocar o que é puro, como se eu fosse um sujeito com grande potencial para o mal. A crença no mal me protege de mim mesmo, de toda luz, no coração da suposta sombra. De todo o amor, escondido sob o pano do sofrimento. O véu que é máscara, o orgulho espesso e bem disfarçado. Sem orgulho e a força do mal, o que me resta? A desconfiança, a inveja e a raiva, elementos contrários a liberdade. Difícil de conter a sombra, as barras da minha janela. Eu sou o cavalo mas ainda me encontro numa atuação e não me reconheço com facilidade. O cavalo é um encontro.
corrida
Sem andar, eu ainda sou o que corre. Mas se eu correr, vou me machucar novamente. Se eu reagir ou lutar, irei sentir dor. Difícil viver sabendo da impossibilidade do ideal. Quero o mundo no qual eu corria e era feliz. Eu comigo mesmo. Fora do campo, o menino não andava direito. Dentro do campo, só com ele mesmo, ele corria como o vento, sem comparações, sem inveja de quem corria, sem timidez de ter olhares sobre si. Sem ser menosprezado. Lá, no campo, nada o abalava, até que veio a dor e com ela a sensação de punição. O problema nunca foi com ele mesmo. Pra ser feliz, a gente corre riscos. E sangra.
Wednesday, February 11, 2009
Macbeth
Caia sobre mim a chuva e os raios
Incinerando o medo e enchendo meus olhos de fogo
E que acenda a chama que queima a carne
E transforma o espírito, que feito vela,
Não existe senão para iluminar.
A mesma luz clara que atrai os insetos
Os destrói à proximidade
E os liberta dos despojos mortais.
Sem brilho, sem energia, sem violência
Pouco sobra da vontade de existir.
Incinerando o medo e enchendo meus olhos de fogo
E que acenda a chama que queima a carne
E transforma o espírito, que feito vela,
Não existe senão para iluminar.
A mesma luz clara que atrai os insetos
Os destrói à proximidade
E os liberta dos despojos mortais.
Sem brilho, sem energia, sem violência
Pouco sobra da vontade de existir.
Saturday, February 07, 2009
A humanidade
A Revolução Francesa e seus descendentes napoleônicos foi uma piada. Mudam as técnicas, continua o homem de neanderthal que tinha o hábito de matar a pauladas seu companheiro vegetariano. E comer o seu cérebro. Satélites, internet, mp3, tudo maravilhoso. Hoje temos nativos sedentos de sangue com jipes e metralhadoras nas mãos. A humanidade é simplesmente uma coisa decepcionante. E a história é um pesadelo do qual eu gostaria de acordar. Concordo com o James Joyce.
O que nos salva é a capacidade de rir disso tudo. Dizer um sim que soa como gargalhada. A ironia que nos salva de recorrer à violência. E o amor, sim, o amor.
A história é uma vergonha. O que não nos impede de viver como humanos, mesmo que ao nosso redor todos se enterrem na lama. Existe salvação dentro de cada um de nós.
O que nos salva é a capacidade de rir disso tudo. Dizer um sim que soa como gargalhada. A ironia que nos salva de recorrer à violência. E o amor, sim, o amor.
A história é uma vergonha. O que não nos impede de viver como humanos, mesmo que ao nosso redor todos se enterrem na lama. Existe salvação dentro de cada um de nós.
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