Sunday, September 12, 2004

Janela da Alma

Quanto tempo a gente perde nesse mundo lotado de imagens e esquece o que realmente importa? Não somos nada sem nossos sentimentos, e são esses sentimentos que dão sentido ao mundo. Mas quanto mais eu vivo, mais percebo como a gente aceita as imagens que nos são oferecidas, os modelos prontos, a falta de ética e de valores desse mundo que vive se escondendo em um visual que se diz ser perfeito?

Pra que serve uma vida? Os niilistas dirão para nada. Os religiosos dirão: pra morrer e chegar em deus. Os espíritas dirão: pra evoluir. E o que eu digo?

A vida serve para que eu me aprofunde em mim mesmo, para que eu encontre no caminho o que realmente importa para mim, para que eu desenvolva um olhar interior, que apesar de ser meu, se constrói com o mundo a minha volta. Quando eu deixei de entender a simplicidade, de entender a beleza real do mundo, quando eu me agarrei com unhas e dentes nisso tudo que na verdade pouco me importa?

Prefiro ver o sorriso de uma moça meiga, de uma moça bonita aos meus olhos, ver o movimento simples de seu cabelo, passeando lentamente por seu rosto e imaginar o toque de sua pele contra minha mão, meus lábios! Ver o céu que de tão azul parece mais parece um tecido, decorado com a falta de padrões das nuvens. Quero ver o desenho que uma música cria em minha mente, o que ele evoca por entre seus silêncios, por entre suas notas, a conversa dos instrumentos, ver a fogueira formada por uma roda de grandes amigos. Ver os problemas da minha vida como oportunidades de desenvolver novas formas de enxergar. Tudo realmente vale a pena se a alma não é pequena. Estou perdido, um tanto extasiado, levemente enlouquecido, talvez bêbado de um sentimento que se reforça. Eu danço pelo ar sem saber o local de meu pouso, sem sequer imaginar que caminho se descortina na minha rota. Quero sentir o calor do sol, tão simples quando o som do vento que de longe parece mar. Quero muito mais do que estão me oferecendo. Quero absolutamente todas as coisas que não podem me ser tiradas, coisas que não estão a venda, coisas invisíveis para os enfiados na caverna.

Se o mundo me oferece sombras, eu cuspo verde na cara dele! Se o mundo me oferece cinzas, eu saio em busca do cigarro!

1 comment:

Anonymous said...

Ah, acreditar nos sentidos é bom. Confortável, até.

Mas tu nunca te sente uma máquina de ti mesmo, assim, arrastado para lá e para cá pela emoção?