Quando estou alternando entre estados de tristeza e raiva, tenho um pequeno ritual, que inevitavelmente funciona. Tenho um cd do The Who bem barulhento. Barulhento na guitarra, no baixo, na bateria e principalmente nos gritos do vocalista. Li outro dia que o único jeito de alguém de touro se curar de alguma coisa é cantando alto, a plenos pulmões. Enquanto dentro da minha cabeça estou realmente gritando, querendo agarrar o céu com minhas mãos e rasgá-lo em mil pedaços, meus dedos disparam essas letras que estão aqui na tela. Enquanto ouço, "Tommy, can you hear me?" eu me pergunto se alguém pode me ouvir. Mas ninguém pode me ouvir, nem que a música estivesse mais alta do que está nesse momento. "See me, feel me, touch me, heal me!" poderia ser meu canto agora. Mas ela não me ouve e acho que hoje foi o fim de algo que nem começou. Algo que nunca existiu pode terminar? Mas existiu em cada sorriso dela, em cada palavra, em cada pequena coisa que compõe momentos felizes. E é adeus agora! Ela continuará sendo minha vizinha, a mesma que por anos eu vi andando pela rua, a mesma que sempre me cumprimentou. A distância, depois que a gente se aproxima de alguém em seguida se afastando dessa pessoa, é expandida. Metros da visão e kilômetros de qualquer sentimento. Me pergunto se existe alguma mágoa. Acabei de corrigir um ato falho. No lugar de mágoa, escrevi magia. Será que existe ainda alguma magia, então eu me pergunto.
No comments:
Post a Comment