Friday, April 28, 2006

Egípcia

A Rosa

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho, cravado em minha garganta, garganta
A santa, às vezes troca meu nome, e some
E some nas altas da madrugada
Coitada, trabalha de plantonista
Artista, é doida pela Portela, oi ela
Oi ela, vestida de verde e rosa, a rosa
A Rosa, garante que é sempre minha
Quietinha, saiu prá comprar cigarro
Que sarro, trouxe umas coisas do norte, que sorte
Que sorte, voltou toda sorridente
Demente, inventa cada carícia
Egípcia, me encontra e me vira a cara
Odara, gravou meu nome na blusa, me acusa
Me acusa, revista os bolsos da calça
A falsa, limpou a minha carteira
Maneira, pagou a nossa despesa
Beleza, na hora do bom se queixa, me deixa
A gueixa, que coisa mais amorosa, a rosa
A Rosa, o meu projeto de vida
Bandida, cadê minha estrela-guia
Vadia, me esquece na noite escura, mas jura
Que um dia volta pra casa.

Chico Buarque, falar o que mais?

Destaquei o verso mais matador. A imagem é perfeita, egípcia: todos aqueles desenhos de perfil nos hieróglifos. Pior é que ainda gosto de uma garota que tem algo de egípcia. Só que eu nunca tive pedra de roseta capaz de decifrá-la. Aliás, até outro dia eu não sabia o que era pedra de roseta hahahaha. Na verdade nem precisa, não há nada o que decifrar. Ou é, ou não é. É estranho entender outra pessoa pela semelhança que ela parece ter com você.

Como não foi nem será basta o deixar passar. Natural. Fica o Pessoa em sua mais interessante faceta: um dia amei mas não fui amado de volta. Pelo único motivo que existe: não tinha que ser.

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