Caminhar é seguir o próprio caminho, é viver a vida que é sua, e de mais ninguém. O próprio caminho só um pode seguir, a experiência é de quem a vive, ainda que a tentem transmutar em palavras e transportá-la a um outro.
No entanto, quando seguimos nossa estrada, só nossa, vemos chegarem companheiros de viagem. Então o caminhante, que faz caminho ao andar, carregando a própria bagagem, vê por alguns momentos coincidir o seu caminho com um outro caminhante.
E os dois ou mais caminhantes seguem, pois há sincronicidade de caminhos, pois há partilha de amor pelo destino. Então eles caminham, um tanto cegos, as vezes certos, outras tropegamente, mas, enfim, eles caminham.
E num dia, os caminhantes, na sinceridade de seguir aonde o pé e a natureza aponta, seguem caminhos diversos. Pode então haver uma ponta de tristeza, mas a vida tem também disso, por ser humana. Ainda sim, se separam e seguem aonde tem que ir.
Talvez nunca se reencontrem. Talvez num ponto mais adiante os caminhos voltem a coincidir. Assim é a vida. E as flores continuarão florescendo e morrendo, as árvores perderão folhas, as chuvas ganharão em vento. Tudo seguirá, naturalmente.
Portanto, que a cegueira não nos impeça de ver nossos companheiros de viagem e que o que a vida demonstra não seja negado. Que nos preocupemos então, mais em seguir a viagem, experienciando, que em possuir os castelos estáticos parados à beira da estrada.
Viver é muito perigoso, dizem. Pois cabe o amor ao vento dos suicidas, que grita, à beira do abismo, que o ser humano pode, sim, voar.
André C.
1 comment:
emocionante...
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