Tuesday, October 17, 2006

Odin

O nome de Odin, deus maior da mitologia nórdica, quer dizer literalmente "deus caolho". Conta o mito que ele vendeu um de seus olhos em troca de sabedoria. Fazendo uma leitura simbólica disso, podemos dizer que Odin, ao perder um de seus olhos, ganha em sabedoria pois passa a contar, a partir dai, com uma visão que se dirige para dentro. Sabedoria é ter um olho apontado para o mundo, para o exterior, ao mesmo tempo que se tem o outro olho voltado para si mesmo, o interior.

Quem só olha para fora ou só olha para dentro vê as coisas de forma parcial. Aprendi uma técnica que reflete isso. Ter o olho voltado para o interior é ter a percepção acurada do próprio corpo, sentindo-o profundamente. Quando atentos é fácil perceber que há uma vibração constante que envolve nosso corpo ao longo de todo dia. Estar atento a isso é estar consciente do seu próprio espaço ocupado no tempo e no mundo. Ao mesmo tempo em que se tem consciência dessa vibração a princípio tênue, pode-se direcionar o olhar para fora, numa interação com o mundo que acontece ancorada no si mesmo.

O Zen Budismo afirma uma vida de meditação constante, independente do indivíduo estar numa montanha ou no meio do trânsito dos carros. Também o hinduísmo do Baghavad Gita: ter a atenção sempre voltada para Crisna, em devoção e amor, independente da ação que se toma. Há sempre o casamento entre mundo e indivíduo. A quebra da dualidade, tema recorrente de todas as tradições místicas ou baseadas na vivência de cada pessoa.

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