Para os orientais a roda de samsara representa o mergulho na ação sem sentido, sem consciência. O sábio é aquele que se identifica com o centro da roda, onde tudo é estático, apesar de estar em movimento. Para Nietszche, a criança, última fase do desenvolvimento humano, é um furacão cujo centro está em tudo, no mundo fora dela. Um insight basta e agora isso passa a fazer sentido para mim.
Meu pensamento, hoje, está me fazendo rodar, sem sentido, numa velocidade absurda. E tudo, assim, parece se dissolver nessa velocidade. Deve ser um dia de torre, em que tudo que se faz parece guardar em si um fracasso. O tempo hoje, chuvoso, e minha dificuldade de parar a mente, me dizem claramente: um bom dia para se esconder do mundo. Eu nunca me acostumo com esses meus momentos. Tudo e todos se fecham. No fundo, passado o dia, eu sei que tudo novamente se abrirá, mas a sensação de se estar num porão escuro é de tal forma poderosa que parece que vai durar todo o tempo do mundo.
E eu sempre me esqueço que isso pouco tem a ver com o mundo. Não tem causa externa em especial, por mais que eu procure identificá-la. Pois quem me chama, me provoca, sou eu mesmo, rasgando o ventre da terra para emergir e me enfrentar. Sempre, disso, vem algum crescimento... mas sempre, sempre é preferível aprender com um sorriso no rosto que de quaquer outra forma. Acho que é isso, eu quero rir na cara desse dia estranho. Não sei se devo abrir a porta. Talvez eu deva fechá-la por um tempo, ficando confortável no escuro e me preparando para o enfrentamento.
Mas não precisa ser guerra. Pode ser uma conversa ou até mesmo um bom xingamento entre amigos.
André C.
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